Em 1970, Portugal era o país mais jovem da Europa. Atualmente é o terceiro mais envelhecido. 21% da população portuguesa tem mais de 65 anos e por cada 100 jovens, existem 165 idosos, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística referentes ao ano de 2020.

Com o aumento da esperança média de vida, coloca-se uma questão muito importante: como é que vamos manter ou aumentar a qualidade de vida durante a velhice?

É normal ter esta preocupação com o passar do tempo e ninguém quer passar os seus últimos anos em más condições físicas ou mentais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, apenas uma pequena percentagem do nosso envelhecimento é causado pela herança genética, sendo muito mais influentes os hábitos que adotamos ao longo da vida. Então, para envelhecer da melhor forma possível, existem alguns cuidados que pode (e deve!) ter. O envelhecimento saudável é um processo contínuo de otimização da habilidade funcional e de oportunidades para manter e a saúde física e mental, promovendo independência e qualidade de vida ao longo da vida.

Numa entrevista ao Diário de Notícias, o médico Manuel Teixeira Veríssimo, professor de Geriatria na Faculdade de Medicina na Universidade de Coimbra diz que “não se pode começar a pensar no envelhecimento já depois de velhos”. O envelhecimento ativo e saudável deve começar desde que nascemos e prolongar-se ao longo de toda a vida”.

Para tal, reunimos um conjunto de sugestões de atitudes a adotar o quanto antes para preservar as suas capacidades cognitivas e físicas:

Alimentação Saudável

Uma dieta equilibrada é essencial para quem quer viver bem e com qualidade durante o máximo de anos possível. Claro que isto não significa manter restrições alimentares rígidas  todos os dias – nada disso. Devemos sempre nos lembrar que, com equilíbrio, não há mal nenhum em sair da linha de vez em quando.

Classificada como Património Mundial e Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2013, a Dieta Mediterrânica é um dos regimes alimentares mais saudáveis do mundo. Adotada por 7 países europeus, sendo Portugal um deles, este regime alimentar é caracterizado por uma grande quantidade de alimentos de origem vegetal, como pão, massa, arroz, legumes e fruta, pela utilização de azeite como principal fonte de gordura e pelo consumo equilibrado de peixe, carnes brancas, laticínios e ovos (a carne vermelha deve ser consumida no máximo uma vez por semana). A água é a bebida de eleição durante o dia e o vinho deve-se consumir moderadamente à refeição.

Mantenha-se ativo

O impacto da atividade física moderada regular tem um valor inestimável para a saúde e bem-estar em qualquer idade – contribuindo tanto para a saúde mental como física, reduzindo os riscos de doenças crónicas, melhorando o humor e regulando o sono.

Portugal é dos países europeus onde a população vive menos tempo com saúde depois dos 65 anos. Cerca de 14% das mortes anuais em Portugal estão associadas à inatividade física. “Ser fisicamente ativo pode adicionar anos à vida e vida aos anos”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

A intensidade desta atividade física que deve manter depende, claro, da idade e da sua condição física. Não se recomenda a um idoso que faça demasiados esforços físicos ou desportos com mais riscos, então uma simples caminhada diária, uma aula de ioga, dança ou natação podem ser uma ótima opção.

Sono de qualidade

“Dormir é o vosso superpoder” é assim que começa a TED Talk de Matthew Walker, neurocientista, professor na Universidade de Berkeley e diretor do Laboratório de Sono e Neuroimagiologia na mesma universidade. E não é um título despropositado! O sono é crucial para a nossa sobrevivência e os benefícios que uma boa noite de sono regular tem na nossa vida são inúmeros.

Durante a noite, o nosso organismo exerce as principais funções restauradoras do corpo: o reparo dos tecidos, o crescimento muscular e a síntese de proteínas. Além disso, um sono de qualidade prolonga a nossa esperança média de vida em cerca de 10 anos, diminui drasticamente a probabilidade de desenvolver doenças crónicas, ajuda na perda de peso e melhora a saúde mental e capacidade de aprendizagem.

Comece a ter os cuidados necessários com o seu sono assim que possível para resguardar a sua saúde.

Vida Social

O bom convívio com amigos e/ou família é muito importante para a saúde mental de todos nós, em qualquer altura da vida. Envelhecer bem vai muito além da saúde física e na terceira idade, o convívio, até com outros grupos etários, pode trazer perspectivas diferentes sobre os problemas enfrentados nessa fase da vida. “A convivência não se deve restringir às relações familiares ou mesmo aos amigos com a mesma idade. É importante que os idosos convivam com pessoas mais novas. Se os primeiros trazem para a relação a experiência e os conhecimentos, os segundos contribuem com a novidade.” defende o presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados.

Além disso, mantendo uma vida social ativa, afasta-se a solidão e o isolamento.Se é uma pessoa com dificuldade em fomentar amizades ou se não tem família presente, procure atividades em grupo que facilitem estes processos.

Cérebro exercitado

Exercite o seu cérebro diariamente. Desafie-se a si próprio e puxe pela cabeça, isto vai ajudar a manter a sua mente ativa. Leia o jornal ou livros, aprenda algo novo como, por exemplo, tocar um instrumento musical ou cozinhar. O cérebro é como um músculo que, se não for estimulado, atrofia.

Tal como recomendamos atividades físicas para manter o corpo em forma, deve fazer o mesmo para manter o cérebro ativo, reduzindo o risco de demências, como Alzheimer, entre outros problemas de saúde.